Projeto no Pará tenta reintroduzir espécie ameaçada na natureza, mas comportamento dócil após cativeiro dificulta readaptação
A ararajuba, ave endêmica da Amazônia com plumagem amarelo-vivo e verde-bandeira, tornou-se vítima emblemática do tráfico de animais silvestres no Brasil. No Parque do Utinga, em Belém, duas aves resgatadas – um casal – podem nunca voltar à natureza devido à domesticação: acostumadas a humanos, perderam instintos de sobrevivência e risco de recaptura. O Projeto Ararajuba, que já soltou 50 indivíduos, enfrenta o desafio de reverter esse quadro com técnicas como isolamento humano e dieta exclusiva de frutos nativos. Dados globais revelam que 13 milhões de espécimes foram traficados entre 2015 e 2021, agravando o declínio populacional de espécies-chave para os ecossistemas.
Um novo fenômeno preocupa autoridades: jovens usam animais silvestres como “acessórios” para ganhar likes nas redes sociais. O Ibama alerta que essa moda impulsiona o comércio ilegal – só em 2023, mais de 30 mil animais passaram por centros de reabilitação no país. A ararajuba, que habita apenas partes do Pará, Maranhão e Amazônia, está classificada como em perigo de extinção. Para combater a prática, órgãos ambientais lançaram a campanha “Se não é livre, eu não curto”, enquanto especialistas reforçam que a posse ilegal pode ser denunciada anonimamente pelo Disque Linha Verde (0800 061 8080). “O bem-estar da fauna depende de sua liberdade”, destaca Bráulio Dias, do Ministério do Meio Ambiente.
Foto: Fabíola Sinimbú/Agência Brasil