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A arritmia cardíaca, uma condição que altera o ritmo dos batimentos do coração, atinge mais de 300 mil pessoas anualmente, tornando-se um problema a ser analisado com mais atenção pelas instituições hospitalares e de ensino. Segundo Christielaine Zaninotto, Enfermeira de Emergência Cardiológica da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), a arritmia cardíaca pode fazer o órgão pulsar de forma acelerada (taquicardia) ou muito lenta (bradicardia). Esta condição foi a responsável pela morte do jogador de futebol uruguaio Juan Izquierdo, que sofreu uma arritmia durante jogo na Copa Libertadores da América, aos 27 anos de idade, no mês passado.
No caso de Juan, o estresse físico da prática dos esportes pode ter provocado a arritmia, mas existem outros fatores de risco agravantes em variados pacientes, com idades avançadas ou não. O excesso de cafeína, drogas lícitas e ilícitas, sedentarismo, diabetes e hipertensão, além de medicamentos, anomalias congênitas, doenças e saúde mental fragilizada são outros motivos comuns e plausíveis que prejudicam o bom funcionamento do sistema cardiovascular e, como consequência, adoecem os pacientes.
“Os principais sintomas da arritmia são sensações de desconforto no tórax. As taquiarritmias são arritmias com uma atenção redobrada, que se dividem em fibrilação atrial e flutter atrial, e necessitam de intervenção imediata. Na taquicardia ventricular com pulso e taquicardia supraventricular, o paciente tem a sensação de inquietação e do coração estar saindo pela boca. É necessário procurar atendimento médico para intervenção imediata. Na taquicardia ventricular sem pulso, é crucial pedir ajuda. Caso o paciente esteja fora do ambiente hospitalar, deve-se iniciar ressuscitação cardiopulmonar (massagem cardíaca) até a chegada da ajuda com o desfibrilador para identificar o ritmo do coração e tomar outras medidas cabíveis. Já nas bradiarritmias, o paciente pode ficar sonolento, apresentar confusão mental, tontura e síncope. Neste caso, o paciente necessita de marcapasso. São muitas variáveis e torna-se fundamental o acompanhamento de uma equipe adequada”, explica Zaninotto.
Outro importante ponto a ser destacado é de que atividades físicas também necessitam de avaliações médicas prévias, devido ao grande impacto que o organismo recebe. Cardiologistas, juntamente com exames como ecocardiogramas, testes ergométricos e holter, podem detectar arritmias e até anomalias na estrutura do coração.
“Após avaliação médica, aí sim o paciente procura um educador físico com a finalidade de realizar um planejamento das atividades, considerando as limitações sinalizadas na orientação do médico. Lembrando que o atleta que busca alto rendimento tem de avaliar o seu estilo de vida e seguir algumas regras e uma das principais é alimentação equilibrada e um boa noite de sono. A periodicidade das atividades são fundamentais para o processo de quem está iniciando atividade física. Os praticantes de atividades físicas esporádicas colocam o coração em situações perigosas.
Os pacientes cardiopatas são os pacientes que beneficiam do acompanhamento e orientação de um grupo de profissionais capacitados (cardiologista, nutricionista e o educador físico) para planejar um programa de atividades físicas e a definição de qual a melhor modalidade de esporte para o paciente. O desconhecimento da população quanto aos fatores de riscos para desenvolver doenças cardiovasculares ainda é um grande desafio”, comenta a enfermeira.
O papel da enfermagem – Uma equipe preparada faz toda diferença em um atendimento aos pacientes com arritmias cardíacas. O enfermeiro, por exemplo, pode identificar anormalidades no ritmo cardíaco e orientar os pacientes, através do monitoramento da arritmia, orientar sobre o uso de medicamentos, esclarecer dúvidas e educar o paciente sobre o quadro da doença, além de estar atento aos sintomas. Apenas estas poucas intervenções dos profissionais da enfermagem previnem complicações graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVC), insuficiências cardíacas e morte súbita.
De acordo com Antônio Marcos Freire, presidente do Coren-Pa, profissionais da enfermagem possuem todas as condições técnicas e legais para desenvolverem ações para combater doenças cardiovasculares. “Isso é algo que é inclusive opinião do presidente do nosso país, pois precisamos de maior investimento por parte do governo. Porque quando já está instalada a doença, o custo é muito alto para tratar. E promoção e prevenção são caminhos menos dispendiosos e que permitem uma ação muito mais abrangente por parte do enfermeiro”, comenta ele.
“O profissional tem de buscar atualizações constantes, temos cursos específicos para manter atualizados os profissionais, tais como Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) e Suporte Básico de Vida (BLS). O ACLS prepara os profissionais de saúde de nível superior e o BLS qualquer profissional ou leigo pode fazer. Os treinamentos com suporte básico de vida (BLS) são fundamentais e podem ser inseridos nas escolas, empresas, nas comunidades, condomínios, etc. Outra coisa importante é ter um desfibrilador em locais de grande circulação de pessoas. Planejar e executar esses treinamentos em grande escala é uma ação de suma importância para garantir a segurança da população. A cardiologia é fascinante e envolvente, e o enfermeiro especialista em cardiologia consegue atuar em qualquer situação de urgência na cardiologia. O domínio do conhecimento, o desenvolvimento das habilidades gera segurança para o profissional e proporciona uma assistência de qualidade”, conclui Zaninotto.
Fonte: Ascom/Coren-PA com dados da Sespa.