Nova regra permite procedimento para pacientes com IMC a partir de 30 e inclui adolescentes, mas filas na rede pública chegam a durar anos; especialistas alertam para subnotificação e desigualdade no acesso
Apesar do aumento de 42% no número de cirurgias bariátricas no Brasil entre 2020 e 2024, apenas 10% foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto os outros 90% foram feitos por planos privados ou de forma particular. A discrepância ocorre mesmo após o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliar os critérios para o procedimento, reduzindo o IMC mínimo de 35 para 30 e incluindo adolescentes entre os elegíveis. Enquanto isso, pacientes da rede pública enfrentam filas de espera que podem durar até nove anos, como relatam especialistas, e muitos dependem exclusivamente do SUS por não terem acesso a tratamentos farmacológicos.
Dados de secretarias estaduais de saúde mostram a lentidão do sistema: no Rio de Janeiro, a espera média é de 403 dias, enquanto em São Paulo foram realizadas apenas 505 cirurgias no primeiro trimestre de 2025. O Ministério da Saúde admite não ter um levantamento nacional sobre a fila, mas promete maior transparência a partir do segundo semestre deste ano. Enquanto isso, pacientes como Jessyka (133 kg) e Laionise (161 kg) sonham com uma vida sem limitações físicas e doenças associadas. Especialistas defendem que a ampliação dos critérios é um avanço, mas alertam que, sem investimento em estrutura e prevenção, a obesidade – que já atinge 24,3% dos adultos no país – continuará sendo um desafio de saúde pública.
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