Para a patologista Richard Scolyer e a oncologista Georgina Long, professores da Universidade de Sydney, na Austrália, “incurável” já é uma palavra ultrapassada. Há 15 anos, a dupla coordena pesquisas revolucionárias para o tratamento do melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele.
Se até os anos 2000 somente 5% das pessoas com quadros avançados da doença sobreviviam, hoje podemos agradecer em boa parte às descobertas deles pela taxa de sobrevivência de 50% para aqueles que recebem um diagnóstico antes considerado “terminal”.
Mora em uma quarta via de combate a tumores, a imunoterapia, o segredo para salvar a vida desses pacientes que não respondiam a cirurgia, quimio ou radioterapia reside. A abordagem se baseia no uso de drogas que instruem nossa própria imunidade a identificar e atacar as células cancerosas. No caso do melanoma, o esquema deu tão certo que as imunoterapias se tornaram a primeira opção de tratamento, precedendo até a retirada cirúrgica do tumor.
Para outros tipos de câncer, os estudos também avançam. A possibilidade de reverter quadros complexos e dar uma melhor qualidade de vida aos pacientes tem sido ampliada graças ao desenvolvimento de centenas de fármacos, que são também fruto de décadas de pesquisa científica.
No caso das imunoterapias, o trabalho que deu origem à estratégia remonta ao final do século 19. Em 1891, o cirurgião William B. Coley passou a infectar tumores inoperáveis com bactérias. A ideia era que, ao provocar uma infecção local, o sistema imunológico fosse ativado e passasse a reconhecer e atacar o conjunto, minguando também o tumor maligno.
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