Relatório registra 144 casos de agressões em 2024, menor número desde 2018, mas entidade alerta para cenário estrutural de ataques
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nesta terça-feira (20) que o número de agressões contra profissionais da imprensa caiu 20,4% em 2024, totalizando 144 casos – o menor patamar desde 2018. Apesar da redução, a entidade considera a situação “preocupante”, já que o volume ainda supera os 135 registros de 2018 e reflete um problema que se agravou a partir de 2019, com a escalada de discursos hostis contra a mídia. A presidente da Fenaj, Samira de Castro, atribuiu parte da violência ao “discurso institucionalizado de ataques à imprensa” durante o governo Bolsonaro, que teria incentivado agressões por parte de políticos e apoiadores.
O relatório destaca o aumento de censura judicial (de 13,8% para 16% dos casos) e de episódios de censura (que saltaram de 5 para 11). Apesar da queda nas agressões físicas (de 40 para 30), persistem casos graves, como tentativas de homicídio. A Região Sudeste lidera em ocorrências (38), seguida pelo Nordeste (36), enquanto o Centro-Oeste teve a maior redução (de 40 para 17). Políticos continuam sendo os principais agressores, responsáveis por 33,3% das violências, incluindo assédio judicial e intimidação. A Fenaj também alerta para a violência de gênero, com jornalistas mulheres enfrentando ataques misóginos. Com as eleições de 2026 no horizonte, a entidade cobra políticas de proteção e combate à impunidade.
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil